Bactéria do ar condicionado desconhecida pode matar

26/09/2011 10:33

Mais de 370 mil pessoas teriam morrido em 2003, vitimas de uma bactéria que vive no ar condicionado, muitas vezes desconhecida pelas pessoas e que leva a morte em poucos dias.

A Legionella foi descoberta apenas em 1976, nos EUA, quando atingiu um grupo de veteranos da segunda guerra, que estavam em um congresso em um hotel na Califórnia, dos 120 veteranos, 45 morreram e 60 tiveram conseqüências graves, daí o nome da doença, já que os primeiros casos se deram com os legionários da 2° guerra mundial.

Hoje no Brasil estima-se que mais de 50 mil pessoas tenham contraído a bactéria da Legionella apenas em 2002, sendo que mais de 30 mil pessoas morreram.

A doença é muito comparada a uma pneumonia, porém a força com que a bactéria ataca o pulmão acaba levando ela a outros órgãos do corpo humano como coração, fígado e rins.

A médica pneumologista Alessandra Souza afirma que quando não tratada a tempo a bactéria pode matar e quando não leva a morte deixa seqüelas irreversíveis no paciente

"É como se tivéssemos uma bola de problemas, ou seja, sempre que você conseguir sair de uma gripe ela voltara pois seu pulmão graças a Legionella esta debilitado" afirma Alessandra

Rodrigo F. Silva trabalha com produtos para a higienização de ar condicionado e salienta que muitas limpezas que são feitas em alguns locais não cumprem as determinações da Anvisa e representam perigo ao consumidor.

"Muitas pessoas acreditam que qualquer limpeza as livra das bactérias, porem são apenas as que estão em conformidade com a lei 3523 de 1998 podem ser utilizadas, este decreto prevê que aparelhos de ar condicionado devem ser higienizados apenas com produtos para este fim".

Em decreto a Anvisa lembra que a multa podem ser muito grande, dependendo do estabelecimento, e se houver mortes pela bactéria a pessoa ainda pode responder processo civil e criminal.

No Brasil ocorreram diversos casos como o do ex-ministro das comunicações Sergio Motta que acabou falecendo em 1998, vitima dessa bactéria que se alojava em seu ar condicionado.

Isto fez com que o Ministério da Saúde na época aprovasse o decreto que definiu a qualidade do ar interno, outra morte bastante conhecida é a do médico ginecologista e ex-presidente Associação Médica de Minas Gerais Ricardo Savassi Biagioni que contraiu a doença no ar condicionado que mantinha em seu escritório, quando foi internado no Hospital Madre Tereza, em Belo Horizonte, apresentau um quadro de vômito, diarréia e febre alta.

Seu irmão o empresário Ricardo Biagioni afirma que o irmão ainda foi prejudicado já que fumava muito.

"O Ricardo foi internado direto na UTI e ficou lá por 15 dias. Soubemos que era legionella e ele recebeu o tratamento, mas não adiantou" afirma ele, que diz que nenhum médico conseguiu acreditar no fato da bactéria ser tão forte.

O infectologista Estevão Urbano, que fez parte da equipe que atendeu o ginecologista, explica que a bactéria passa pela traquéia, vai para os pulmões e fica incubada de cinco a 10 dias, causando depois desse período a pneumonia que leva a morte.

 

Mundo

 

No mundo todo, há registros da Legionella, principalmente em paises europeus e nos EUA, porém muitas vezes o diagnóstico é prejudicado já que a doença é comparada a uma pneumonia.

O exemplo mais recente ocorreu na China em um estádio que será usado nas Olimpíadas ano que vem. Neste local mais de 300 atletas foram infectados.

De acordo com a empresa de comunicação estatal chinesa, Xinhua, as providências foram tomadas, porém a receio nos atletas quanto a qualidade dos aparelhos de ar condicionado que serão usados para climatizar os estádios dos jogos olímpicos.

 

Prevenção

 

A melhor forma de prevenção da contaminação por legionella, segundo o infectologista, é realizar a higienização mensal do aparelho e a limpeza dos filtros de ar. Fazer com que as comissões de controle de infecção hospitalar e a Anvisa, fiscalizem os locais para que não haja mais casos desta doença que na maioria das vezes é fatal, ou seja, tomar todo cuidado com os mecanismos de refrigeração.

Para o pneumologista da Coordenadoria de Epidemiologia Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde, Edílson Moura, é preciso manter o equilíbrio entre os seres humanos e o mundo microbiológico que existe ao nosso redor e que não é perceptível aos nossos olhos. Quando esse equilíbrio é alterado, uma série de fatores são gerados e interferem nas doenças, tornando as bactérias mais resistentes aos antibióticos. O ideal é que as pessoas mantenham uma vida saudável, para que não tenham tanta suscetibilidade para adquirir a doença, e mudem a forma como se relacionam com a natureza, sugere.

De acordo com a OMS em estudo divulgado em 2005 durante a Conferência de Saúde de Oslo, Suécia. O representante do órgão sobre doenças respiratórias o chinês Yong-Son-Boo afirmou que a Legionella é a praga do novo milênio e que os paises deveriam começar a investir em programas de conscientização sobre os malefícios do ar condicionado, usado cada vez mais nos dias de hoje em decorrência do aumento da temperatura do planeta, ou seja, o aquecimento global.

"Cada vez mais temos mais casos de pneumonia relacionada a Legionella, temos onde elas se procriam e temos os agentes contaminados, então se não houver providencias rápidas logos teremos vários surtos de pneumonia em vários locais do planeta" afirma Boo.

Ou seja é melhor prevenir do que remediar, cada caso é um caso, e na maioria neste caso da legionella remediar pode custar muito caro para a pessoa.